Kadafi tenta negociar enquanto Trípoli recebe 1º carregamento de ajuda
Através de seu porta-voz Ibrahim Moussa, Kadafi telefonou para a agência de notícias americana 'AP' em Nova York para propor uma negociação, que foi rejeitada contundentemente por Trípoli.
Além disso, segundo informou o general britânico Nick Pope, aviões britânicos neutralizaram a plataforma de lançamento com sistema de guia Paveway que, de acordo com o militar, representava uma 'significativa ameaça para a população civil de Trípoli'.
Estas pareciam ser duas das últimas cartas na manga do ditador, cujas tropas foram novamente atacadas com veemência na noite do sábado em sua retirada para o sul da cidade.
Enquanto isso, no porto de Trípoli, quatro navios descarregavam neste domingo água e outras provisões básicas, enquanto a Organização Internacional para as Migrações (OIM) preparava a evacuação de mil de imigrantes da região nesta noite.
Outros 16 navios aguardavam sua vez de descarregar, apesar de o ritmo ser muito lento, visto que os píeres não dispõem de estivadores suficientes e os guindastes ainda não funcionam normalmente.
Os porta-vozes do Comitê de Estabilização, que concederam neste domingo uma entrevista coletiva, explicaram que contavam com água, combustível e remédios suficientes para abastecer a população.
Nas ruas de Trípoli, os cidadãos tentavam retomar a normalidade após mais de seis meses de guerra, abastecendo-se de água e comida e com o fim do Ramadã à vista, o primeiro em 42 anos sem a figura de Kadafi à frente do país.
A realidade do conflito continua presente, não apenas pelas negociações em curso com as tribos em Sirte, a cidade natal de Kadafi e principal reduto do que resta de seu poder, mas pela difícil tarefa de assistência aos feridos, a ameaça dos franco-atiradores e a identificação dos corpos que se amontoam nos necrotérios e cujo número exato ninguém divulga.
Os responsáveis do comitê de saúde explicaram que os corpos serão fotografados e incinerados, embora só tenham confirmado a existência de 75 mortos no hospital de Abu Salim e outros 35 no de Yarmouk.
Muitos desses mortos são mercenários estrangeiros empregados por Kadafi para combater os milicianos do Conselho Nacional de Transição (CNT), cujas baixas também não foram quantificadas.
O ministro de Interior provisório do CNT, Ahmed Darrat, disse à Agência Efe que 'não há negociação possível' com Kadafi e acrescentou que 'receberá um tratamento justo e legal'.
Pouco depois, o titular de Informação do CNT, Mahmoud Shaman, afirmou que Kadafi e seus filhos serão presos muito em breve.
'São criminosos em fuga. Não há negociação com Saadi, o filho do ditador, como disse à 'AP' o porta-voz Moussa ontem à noite'.
O paradeiro de Kadafi e seus filhos ainda não está claro, mas é possível que sua fracassada tentativa de negociação seja um sinal de sua precária situação. Especula-se que o ditador possa estar em algum dos últimos redutos organizados de resistência, a cerca de 40 quilômetros ao sul da capital.
Outras possibilidades menos possíveis seriam algum refúgio nas canalizações subterrâneas do rio artificial que abastece a capital; em Sirte, ou ainda uma fuga à Argélia.
Os rebeldes anunciaram que tomaram o controle total de Ben Jawad (leste da Líbia) e afirmaram que estão a pouco mais de 100 quilômetros ao leste de Sirte, dominada pelas tropas do regime, às quais Shaman advertiu que o tempo está se esgotando.
Apesar da precariedade da situação, as novas autoridades manifestaram confiança em restabelecer em breve os serviços básicos como o fornecimento de água, cortado por problemas de abastecimento de combustível para o bombeamento, embora a rede elétrica e de telecomunicações não tenham sido seriamente afetadas.
Os remédios e demais ítens hospitalares estão disponíveis, explicaram os porta-vozes do comitê de estabilização, que detalharam que apenas são necessários em Trípoli alguns cirurgiões.
Tanto a companhia de água como a de eletricidade contam com 60% de seus funcionários e estão chamando os demais trabalhadores para voltarem a seus postos.
Fonte: MSN Notícias